O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Homens trôpegos



Andreas enviou-me seu relato transbordando sentimentos que oscilavam entre sofrimento, dúvida, culpa e medo.
Enviuvou-se repentinamente após 10 anos de um casamento sólido e feliz. Pelo menos para ela. Ainda no velório foi apresentada a outra família (mulher e filho) que o falecido marido mantinha em um raio de 100 km de sua família "oficial". Viveu um luto duplo. 
Dois anos depois conheceu Armando, demorou muito tempo para confiar nos sentimentos e intenções dele. Enfim, apresentou-lhe os filhos, sua casa e seu coração. No retorno de um cruzeiro que fizeram, encontrou no bolso de sua camisa um bilhete "Adorei nossa noite. Aguardo sua ligação" Terminou o relacionamento recém-assumido. Ele implorou-lhe que relevasse o que chamou de "um momento infeliz", jurou-lhe amor, mas pelo jeito não podia prometer-lhe fidelidade. 
Passaram-se cinco anos, e o gerente do seu banco que lhe convidava sempre para sair, enviava-lhe flores, e bombons insistentemente, bateu na porta de sua casa com a cara e a coragem e dois ingressos para um musical. Jantaram após o espetáculo, e dançaram até de madrugada. No dia seguinte, acordou feliz, tomou um banho demorado e recebeu um imenso buque de rosas vermelhas agradecendo-lhe pela companhia e já com dois ingressos para a estréia de um filme. Depois de muitos anos, o dia finalmente parecia ter amanhecido para Andreas. Foi à locadora com a intenção de alugar uma comédia para assistir com os filhos. Ao entrar deparou-se com ele, tremeu inteira, ele não a viu. Tímida, escondeu-se o quanto pode. Até que percebeu que ele não estava sozinho.
Olhou discretamente. Era uma mulher alta, bem vestida, um pouco mais velha que ela. O mundo ruiu quando ele passou a mãos sobre os ombros dela, e em um gesto de carinho beijou-lhe a testa ao abrir para ela a porta do carro.  De dentro da locadora um adolescente gritou “já estou indo pai" e abrindo a porta continuou "mãe, sabe aquele filme..." o som foi sumindo, e ela não ouviu mais nada. 
No final do relato ela me fez a temida pergunta - Por quê? E eu, terrivelmente impotente, só me permito responder-lhe - Não sei...
Após tanto tempo e tantos testemunhos eu ainda me surpreendo, me emociono, sofro e fico indignada junto com essas mulheres. Costumo ouvir  que a monotonia dos longos relacionamentos são campos férteis para o surgimento da terceira pessoa. Ou que os compromissos do dia a dia, filhos, contas a pagar, tudo isso afasta os casais, que estressados acabam encontrando em outras pessoas a paciência e o carinho perdido. Ou que apesar do desgaste da relação ou da falta de amor ou da perda do tesão, encarar uma separação é sempre tão difícil que ambos optam por continuar remando contra a maré, e aí, um dia surge um inevitável novo relacionamento. Mas e quando não há monotonia, não há compromisso do dia a dia, não há filhos comuns, não há contas a pagar, não há desgaste, não há vínculo nenhum, e ainda assim há deslealdade, traição, mentira?  Baseado em que um homem maduro (há controvérsias) investe de livre e espontânea vontade em uma mulher demonstrando boa intenção e sentimentos nobres? 
Cara Andreas, há dias penso na sua história e conseqüentemente nas milhares de histórias como a sua, e só posso dizer o que sinto, o que nem sempre é o que deveria ser - sou muito menos racional do que gostaria. Essas cenas precisaram de dois protagonistas e por algum motivo a vida lhe escolheu para compô-la. Talvez porque você é forte, tenha uma maior capacidade de superação, e certamente porque você é maior do que tudo isso. Aprendizados sempre ficam. Pondere onde você abriu a sua guarda permitindo que tudo isso lhe invadisse e feche-a. Nunca somos vítimas de ninguém. Somos cercados pelo que é ruim, mas também pelo que é bom. Se você hoje está consciente de todos esses acontecimentos, liberte-se deles. Dê o seu comando, defina o que você quer e o que você não quer nunca mais na sua vida. Chega de auto-sabotagem. Todos nós temos esse poder, mas é preciso acreditar para conseguir acioná-lo. 
Não pense mais nesses homens, não preencha os sagrados espaços da sua mente com o que é podre. Não se culpe, não tenha medo, não duvide de você e nem sofra em vão. Até hoje seus caminhos foram invadidos por homens doentes, incautos e trôpegos. Uma hora eles vão se afogar como acontece com quem permanece anestesiado frente ao significado da vida e inconscientes perante a existência de outros seres – que, diferente deles, são humanos, assim como você. Não desiste de nada - nem da vida, nem dos homens sadios e nem de você!

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