Hoje li em um blog um título que achei curioso - "Qual é a hora de perdoar um
Judas".
Não li o texto (o que farei mais tarde) então, nem imagino
do que se trata, mas me levou a pensar sobre várias coisas. Não existe tempo
para se perdoar. Contando que a capacidade de perdão é o maior libertador que
existe, para que adiar? É um ato que liberta quem é perdoado e ainda dá
asas para o infinito a quem perdoa. Nada mais gratificante do que essa
abolição.
As argolas que compõe a amarra dos sentimentos ruins são de
ferro e formam um elo poderoso que aprisiona a vida, os sonhos, o futuro dos
envolvidos.
Sempre relacionei o perdão a um ato de bondade, mas hoje o reconheço como um ato de inteligência. É preciso
antes de tudo sabedoria para exercitar o perdão. Não é fácil, mas é necessário
e benévolo para quem o pratica. Se faz bem primeiro de tudo a quem o faz,
qual a justificativa para não fazer?
No amor, ser traído pelo parceiro é motivação para um
ódio sem limites. Compreensível. Há investimento naquela vida a dois e de uma
forma ou de outra, tiram-lhe o chão ao dizer "ok baby, é verdade, estou
envolvido com outro, perdoe-me! A carne é fraca, foi só um momento, ou, estou
amando e vou embora..." Venha o que vier, o amor, naquele momento, se converge nesse sentimento insuportável - ódio. E você quer matar, quer
destruir, quer amaldiçoar. Vai passar, vai passar. Talvez quebre vasos,
porta-retratos e até o nariz dele, afinal, quebraram seus sonhos.
Com o tempo as coisas vão se encaixando, tomando forma e
uma nova vida (seja ainda ao lado dele ou sozinha) vai se desenhando, e, você tomando
consciência que esse sentimento ruim só te escraviza ao passado e impossibilita
novas energias futuras. Urge ficar livre dele. Claro que não é fácil!
Vale perdoar mesmo sem esquecer? Vale. Se você dá o
comando para o perdão, mesmo não esquecendo completamente, você começa a ficar livre e o
outro também.
Perdão precisa ser exercitado.
Tem uma parte no livro A
Cabana que mudou minha vida - o pai está prestes a encontrar o corpo da filha,
assassinada brutalmente e enquanto caminha à procura vai dizendo para si mesmo:
eu perdôo, eu perdôo, eu perdôo... E,
mesmo ainda não conseguindo perdoar, ao repetir esse mantra, vai limpando e
abrindo caminho... E em um momento sagrado, o perdão se estabelece.
Nesse exato momento, você liberta ao mesmo tempo em que
fica livre.
Eu já fiz em mais de uma circunstância. Dá certo. Tente
também.