O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

domingo, 17 de julho de 2011

Mais um ano

Nunca fui daquelas pessoas exigentes consigo mesmo. Sou o que deu para ser. A superação que sempre busquei foi  interna. A que me impulsiona até hoje.
Acho que fiz bem menos do que poderia. E menos ainda do que gostaria.
Plantei mais de uma árvore. Fiz três filhos. E escrevi alguns livros. É pouco.
Não concretizei o velho projeto de uma casa de assistência a meninas grávidas.
Não fiz o caminho de Santiago a pé.
Não adotei uma criança.
Não dediquei tudo o que gostaria aos meus estudos de astrologia e tarô.
E ainda continuo morando na cidade em que nasci.
Cresci acreditando que viver era algo mais do que estudar, trabalhar, formar família. 
O sinal mais presente na minha trajetória foi o de interrogação. Perguntas choveram sobre mim desde a primeira vez que percebi o mundo. Lembro-me quando de frente para o mar perguntei como alguma coisa podia ser infinita e ninguém soube me responder. Compreensível.
A morte me incomodava desde que ouvi no colégio de freiras onde estudei que ficaríamos para sempre ao lado de Deus. Que tédio! Entender que a dinâmica era outra, me deu gás para "tentar" a vida.
Me achei menos "esquisita" ao ouvir de uma pessoa, a pouco tempo, que perguntas são mais importantes que respostas.
Indevida. Foi assim que cresci me sentindo. O mundo era diferente de mim (ou vice e versa) - não há aqui nenhum juízo de valor - mas diferenças sempre incomodam. 
Quase tudo o que eu tinha como verdade, derrubei ao longo dos anos. Deixei de achar que os homens são todos iguais, que mulheres são sempre vítimas, deixei de condenar quem fez a opção por não ter filhos, não acredito mais que possa existir amor incondicional na humanidade atual.
Casei pela segunda vez sem nenhum tipo de temor, se não desse certo novamente, já conhecia os caminhos a serem trilhados. Tive outro filho quando meu primogênito completava 15 anos. Amei começar tudo de novo.
Não sou dada a aventuras. De nenhuma natureza. O máximo que me permiti foi entrar, segura por uma corda, em uma cachoeira imensa em Alto do Paraíso. Mas escalaria as montanhas do Himalaia para participar de um festival de Wesak. Tudo depende do objetivo final. 
Preciso de chão firme, já que parte de mim vive no espaço sideral.
Pouca coisa me tira a paz. A decepção é a campeã. Queria certezas sobre quais pessoas merecem o meu melhor. Impossível saber. Não há culpas, nem culpados, o que há são momentos e a poderosa escala de valores. Não criar expectativas é um bom antídoto contra essa mal. Tenho tentado.
Queria certezas quanto ao meu casamento. Homens se aventuram mesmo sabendo que essas relações são passageiras e mais perigosas que saltos de pára-quedas. Arriscam tudo por nada. Claro que corro o mesmo risco de todas as mulheres, e detesto isso. Os homens também correm, óbvio. A grande maioria das mulheres, assim como eu, jamais arriscaria tudo por nada. Como não me aventuro nem mesmo sobre uma infantil montanha russa, certamente minha entrega seria segura, em águas calmas dentro de gôndolas em Veneza. Certamente apostando no "para sempre". Tão diferente do "foi só essa noite", do sexo oposto.
Viver é um risco constante. Queria que fosse diferente. Não sei sobre como serão meus filhos, suas esposas e meus netos. Tenho 44 anos e uma avó de 92, que lúcida e ativa me disse hoje que quem pode se expressar livremente terá para sempre 15 anos.
Sigo acima de tudo fiel a mim, pois independente dos resultados nunca ficarei perdida.

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