Acordei com um misto de
sensações.
Não senti cheiros estranhos, não
vi coisas diferentes e nem sons inexplicáveis. Apenas sonhei e despertei com um
mundo de sentimentos passeando dentro de mim. Todos indescritíveis e efêmeros.
O tal sentido não explicado pela ciência sempre me dominou. Sexto sentido é a
porção do subconsciente e desafia qualquer descrição. Portanto, só posso
senti-lo, nada mais.
Sonhei com um maravilhoso céu em
tons de vermelho, uma ponte redonda em meio a um jardim chinês, onde acontecia um
casamento que parecia mágico - noivas se transformavam em fadas
coloridas.
Tinha uma cerejeira carregada de
flores, mas não senti o perfume. Em torno de seu tronco, pessoas que fizeram
parte do meu passado ao lado de outras que não farão parte do meu futuro. Todas
pareciam esperar uma reação que não tive. Poderia ser qualquer uma. Nada aconteceu.
Sob meus olhos desinteressados passou
um filme antigo. Não senti o mínimo desejo de rever nenhuma cena. Impotente,
assisti. Pela primeira vez não senti nada de ruim e ainda consegui
encontrar lampejos de pequenas coisas boas que devem mesmo ter ocorrido (porque
sinceramente, nem me lembro mais).
Mantive meus olhos no tronco da
árvore. Não cedi ao impulso de assistir aos filmes que poderiam ter sido rodados.
Dessa vez não fiquei impotente. Simplesmente não assisti. Não levo mais jeito para arremessar
possibilidades. E nem quero protagonizar probabilidades. Mas uma teimosia que vem sei
lá de onde, me fez ser tomada por sensações boas. Difícil racionalizar dormindo.
Sonhos são ferramentas para uma
vida melhor. Fonte de lições. Eu tirei a minha. Sempre tiro.
Há muitas vidas em minha
vida, que mesmo latentes produzem algo substancial para mim. E para
sempre.