O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Para divorciar-se é preciso muita coragem

Completo um ano de blog no dia 30 de outubro. E me surpreendo ao lembrar que, essa foi a data em que me casei, num ano qualquer, há muito tempo. É... Acredite, a gente se esquece completamente do que deveria ser inesquecível, mas não foi. Ficou para trás junto com tantas outras coisas que também não me lembro. Há 11 anos vivo outra relação e sou absurdamente feliz, graças a Deus! Mas sei que não é fácil enfrentar o antes, o durante e o depois (para mim a parte mais fácil, se é que existe algo fácil) do divórcio.
Por mais que atualmente tudo seja tão efêmero, desacredito que alguém se case pensando em separação. Pelo menos não de forma consciente. Mas existe aquele dia horrível em que você se percebe divorciada, ainda dividindo casa, comida e roupa lavada. Compartilham o momento do almoço, vão juntos à festinha do filho na escola, posam de família feliz em dezenas de porta retratos sobre as estantes da sala, e, até fazem sexo vez ou outra. Por um período (longo ou curto) fica assim, um parece, mas, não é - parece feliz, parece família, parece casal, parece para sempre. Com o tempo até isso vai perdendo o sentido, mas ainda não é hora de declarar o fim, para o mundo. Mil justificativas para essa demora (se é que algo justifique a infelicidade). Sei que é difícil demais! Envolve bens, filhos, planos e sonhos.
Então, qual o momento de bater o martelo e sentenciar o fracasso desse projeto? Quando as crianças crescerem... Quando a casa estiver quitada... Quando passar o casamento da sua irmã... Quando descobrirem a cura definitiva para alguma doença que você nem sabe quem é portador.
 Não, não existe tempo certo.  O que existe é o seu tempo. E como saber quando ele chegou? Difícil, pois enquanto o tempo vai passando, sua capacidade de suportar o sofrimento vai ficando elástica, e você vai sobrevivendo cada vez melhor ao descaso, às ausências, ao desamor, à solidão a dois. Mas um dia a coragem se instala (era ela que faltava) e você esquece a comodidade, convenções, o hábito (ah! esses malditos nós de escoteiro!), e liberta-se! E  verá como é melhor não ter ninguém a ter somente uma presença a te deixar sempre no vácuo.
A decisão de divorciar-se vai tomando forma no desamor, no desajeito, no desalinho do casal, mas só é fato quando a coragem se instala. E ela nunca vem a cavalo, essa danada. Costuma vir sobre casco de tartaruga, testando nossos limites para suportar a infelicidade, e caso não fique muito atento, você corre o risco de abrir mão, para sempre, de coisas deliciosas, como dormir de conchinha, olhar no olho e dizer eu te amo fora de hora, andar de mãos dadas, fazer aquele sexo de perder o fôlego.
Se investimento emocional errado tem força  para derrubar a bolsa de valor de Tóquio, imagina o que não faz com você?  Mas vai passar, você vai recuperar a confiança, e se sentirá  em alta.
Aos poucos uma nova realidade vai se delineando, e, você vai confortavelmente se encaixando dentro dela. De repente conhece um amor e vai ser feliz, ou não. Sozinha você também ganha. Ganha novos amigos, trás os antigos de volta e recupera o hábito de sair para dar boas gargalhadas, para jogar tranca, para falar bobagens na companhia de um monte de mulheres. Ser feliz não depende de ter um relacionamento de amor, e sim de ter relacionamentos de verdade.
O que não pode é ficar como Carolina - na janela olhando a vida passar, esperando algo que você sabe que não virá. Tão melhor viver sozinha, sem expectativas vãs... Ou, com um amor de via dupla, onde você dá e recebe. Nada é mais caro do que a sua paz.
Nesse momento, você vai constatar que há perdas que definitivamente são ganhos, e vai agradecer a Deus por ter tido coragem de se divorciar. Palavra de escoteiro!






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