Completo
um ano de blog no dia 30 de outubro. E me surpreendo ao lembrar que, essa foi a
data em que me casei, num ano qualquer, há muito tempo. É... Acredite, a gente
se esquece completamente do que deveria ser inesquecível, mas não foi. Ficou
para trás junto com tantas outras coisas que também não me lembro. Há 11 anos vivo outra relação e sou absurdamente feliz, graças a Deus! Mas sei que não é fácil enfrentar o antes, o durante e o depois (para mim a parte mais fácil, se é que existe algo fácil) do divórcio.
Por
mais que atualmente tudo seja tão efêmero, desacredito que alguém se case pensando
em separação. Pelo menos não de forma consciente. Mas existe aquele dia
horrível em que você se percebe divorciada, ainda dividindo casa, comida e
roupa lavada. Compartilham o momento do almoço, vão juntos à festinha do filho
na escola, posam de família feliz em dezenas de porta retratos sobre as
estantes da sala, e, até fazem sexo vez ou outra. Por um período (longo ou
curto) fica assim, um parece, mas, não é
- parece feliz, parece família, parece casal, parece para sempre. Com o tempo até
isso vai perdendo o sentido, mas ainda não é hora de declarar o fim, para o
mundo. Mil justificativas para essa demora (se é que algo justifique a
infelicidade). Sei que é difícil demais! Envolve bens, filhos, planos
e sonhos.
Então,
qual o momento de bater o martelo e sentenciar o fracasso desse projeto? Quando
as crianças crescerem... Quando a casa estiver quitada... Quando passar o
casamento da sua irmã... Quando descobrirem a cura definitiva para alguma
doença que você nem sabe quem é portador.
Não, não existe tempo certo. O que existe é o seu tempo. E como saber quando ele chegou? Difícil, pois enquanto o tempo vai passando, sua capacidade de suportar o sofrimento vai ficando elástica, e você vai sobrevivendo cada vez melhor ao descaso, às ausências, ao desamor, à solidão a dois. Mas um dia a coragem se instala (era ela que faltava) e você esquece a comodidade, convenções, o hábito (ah! esses malditos nós de escoteiro!), e liberta-se! E verá como é melhor não ter ninguém a ter somente uma presença a te deixar sempre no vácuo.
Não, não existe tempo certo. O que existe é o seu tempo. E como saber quando ele chegou? Difícil, pois enquanto o tempo vai passando, sua capacidade de suportar o sofrimento vai ficando elástica, e você vai sobrevivendo cada vez melhor ao descaso, às ausências, ao desamor, à solidão a dois. Mas um dia a coragem se instala (era ela que faltava) e você esquece a comodidade, convenções, o hábito (ah! esses malditos nós de escoteiro!), e liberta-se! E verá como é melhor não ter ninguém a ter somente uma presença a te deixar sempre no vácuo.
A
decisão de divorciar-se vai tomando forma no desamor, no desajeito, no desalinho
do casal, mas só é fato quando a coragem se instala. E ela nunca
vem a cavalo, essa danada. Costuma vir sobre casco de tartaruga, testando
nossos limites para suportar a infelicidade, e caso não fique muito atento, você corre o risco de abrir mão, para sempre, de coisas deliciosas, como dormir de conchinha, olhar no olho e dizer
eu te amo fora de hora, andar de mãos dadas, fazer aquele sexo de perder o
fôlego.
Se investimento
emocional errado tem força para derrubar a bolsa de valor de Tóquio, imagina o que não faz com você? Mas vai passar, você vai recuperar a confiança, e se
sentirá em alta.
Aos
poucos uma nova realidade vai se delineando, e, você vai confortavelmente se
encaixando dentro dela. De repente conhece um amor e vai ser feliz, ou não. Sozinha
você também ganha. Ganha novos amigos, trás os antigos de volta e recupera o
hábito de sair para dar boas gargalhadas, para jogar tranca, para falar
bobagens na companhia de um monte de mulheres. Ser feliz não depende de ter um relacionamento
de amor, e sim de ter relacionamentos de verdade.
O
que não pode é ficar como Carolina - na janela olhando a vida passar, esperando
algo que você sabe que não virá. Tão melhor viver sozinha, sem expectativas vãs...
Ou, com um amor de via dupla, onde você dá e recebe. Nada é mais caro do que a
sua paz.
Nesse
momento, você vai constatar que há perdas que definitivamente são ganhos, e vai
agradecer a Deus por ter tido coragem de se divorciar. Palavra de escoteiro!