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domingo, 12 de agosto de 2012

Carta aos ex-pais



Senhores ex-pais,
Sei que existem milhares de pais coitados, viciados, miseráveis, que espancam os filhos. A lei os condena. Mas (quase) não condena pais que como vocês, tornam seus filhos vítimas do abandono afetivo e ainda ferem o princípio da dignidade humana e o princípio da afetividade.
A postura paternal de quem esquece que colocou filhos no mundo é no mínimo, imoral.
Quantos momentos ruins seus filhos passaram, quantas psicólogas, quantas tentativas das mães em minimizar a dor causada por suas irresponsáveis ausências?
Vocês presenciaram seus filhos, já adolescentes, chegando em casa pela primeira vez de madrugada? Vocês conheceram o prazer de, após dias debruçados junto com eles sobre um livro de matemática, vê-los chegar da escola com um sorriso no rosto agradecido por terem recuperado a nota? Vocês nem viram seus filhos tornarem-se adultos! “É porque depois de divórcio tudo fica difícil.” Como assim? Difícil deveria ser dormir tranqüilo depois de abrir mão de ser pai! Divórcio é de marido e esposa, jamais de filhos! Vocês conseguem a proeza de manter por anos a fio, uma relação com seus filhos baseada em parcos telefonemas, um almoço anual e uma pizza semestral para alívio de suas consciências. Vocês certamente tiveram todas as chances de reformular essa fundamental relação pais/filhos, após o divórcio, mas dava trabalho e não dava lucro, então vocês não o fizeram. Vocês não se afastaram dos filhos porque se divorciaram, afastaram por opção. Acredito que no início a ausência da convivência diária, lhes tenha feito sofrer, mas foi mais prático conviver com essa dor do que se estruturar para tê-los perto não é?
É inadmissível que pais possam negligenciar um papel que lhes foi confiado por Deus! Nos finais de semana, feriados, férias, vocês nem cogitaram ficar integralmente com seus filhos, para acordarem juntos, almoçarem, tomarem banho, ver TV, dormir? Não fez falta aquelas mãozinhas no seu pescoço quando eles ainda eram crianças?
Provavelmente de vez em quando tudo isso vá lhes assombrar e quem sabe uma hora vá até lhes consumir... Natais e aniversários, e vocês os pegavam só o tempo de trocar presentes...
Quantas vezes essas mães recorreram a vocês por causa de problemas relacionados aos seus filhos, e vocês reviravam os olhos impacientes – será que ela não percebe que esta me incomodando?
Fácil escrever bilhetes dizendo “papai te ama, nunca se esqueça disso”. Amar os filhos nunca foi suficiente para fazê-los homens de caráter, nem cidadãos responsáveis, para isso é preciso dedicação. E esse dedicação independe do fato de se estar casado ainda com a mãe. Ao separar vocês também deixaram de ser pai. Dormiam ou estavam embriagados enquanto os filhos cresciam.
Certamente vocês vão atingir o grande objetivo de suas vidas – uma velhice abastada e só aí, irão compreender que amor não se compra, pois essas mães que criaram sozinhas os filhos que seriam de vocês dois, certamente estarão com a casa cheia de netos. E vocês?
Não desejo mal a nenhum ser humano, mas para sempre desejarei a todos os pais ausentes que a vida, de alguma forma, lhes faça ter consciência de cada lágrima, cada tristeza, cada decepção, cada frustração, cada sentimento de abandono que causaram aos seus filhos.
E aos pais de verdade, um feliz dia dos pais!

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