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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Ciúme


Ciúme é um tema recorrente nos relacionamentos desde os primórdios da humanidade, tendo destaque entre filósofos de todos os séculos, e continua existindo “atavicamente” e sem nenhum tipo de evolução, que não a teórica, em pleno século XXI.
Na peça Otelo, de Shakespeare, há a clássica fala de Iago:
“Oh, tende cuidado com o ciúme. É um monstro de olhos verdes, que zomba da carne de que se alimenta".
Seria ele inerente aos seres humanos, desde a época em que os homens da caverna faziam uso desse sentimento para proteger sua tribo?  Se assim fosse, carregaríamos um sentimento instintivo, remanescente de um período humano praticamente irracional. Revendo... Se racionalidade não é lá o grande destaque em relacionamentos amorosos, pelo menos é preciso um esforço coordenado nesse sentido. Porque destruir a possibilidade de relações saudáveis, chegando ao cúmulo de destruir vidas em nome do ciúme, é inadmissível.
Hoje pela primeira vez tive ciúmes dos olhos do meu primo”. 
Porque eles viram-te e eu não te vi”. 
Confesso-me totalmente parcial quando se trata de Fernando Pessoa, mas essa doçura com que ele se refere ao ciúme está valendo... Sentimento gostoso destinado a quem se quer sempre ao lado para dividir a vida. Ciúme dos olhos que a olham, dos sorrisos que lhe dirigem, das mãos que lhe estendem. Existe esse ciúme que é cuidado e não posse. 
Dizem que sentimentos irracionais fazem sentido quando entendemos o que está por trás deles. O que vemos por trás do ciúme nos relacionamentos amorosos é o medo, real ou irreal, vergonha de se perder o amor da pessoa amada, falta de confiança no outro e/ou em si mesmo. Esses sentimentos podem estar embasados em alguma coisa real, como já ter sido traído por exemplo. Mas racionalmente, nada justifica esse sentimento. Pois senti-lo, não modifica os fatos - se tiver que ser traído, será, se tiver que ser abandonado, será, se tiver que ser trocado pelo seu melhor amigo, será. Sentir ciúme não tem utilidade nenhuma. Não ajuda, não previne, não defende, e, quando é exagerado, pode tornar-se patológico e transformar-se em uma obsessão.
Eu acreditei que não fosse ciumenta, mas sou. Ainda assim não me conformo em sê-lo, pelo simples fato de eu ser tão consciente acerca da total incoerência desse sentimento. É a irracionalidade do amor.
Diz Rubem Alves que "O ciúme é aquela dor que dá quando percebemos que a pessoa amada pode ser feliz sem a gente". Enfim, ciúme resume-se em desejar a posse absoluta do outro. Não basta se saber amado. Busca-se a garantia ilusória de que aquela pessoa nasceu a partir do momento em que te conheceu - não tem passado para recordar, e nem futuro para almejar, que não a sentença de viver com você e para você. 
Como a vida nunca nos dá garantia, tudo isso é absolutamente em vão. 

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