O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Vivendo a vida


Ando improdutiva, tentando entender mais do que nunca, tudo e nada. Sempre tive dificuldade de me distrair da vida. Cedo compreendi que viver pedia seriedade. Não sei andar à margem, sempre mergulho e às vezes nado deliciosamente, mas noutras afogo. Nunca consegui aprender o que me era ensinado, como todos os meus colegas e irmãos, eu sempre queria saber mais -"porque", "como assim", "mas e se". Não fui criança, não tive tempo, ou não quis, não sei... Comprometi-me cedo demais com a vida que ganhei e que buscava a todo custo entender porque ganhara e o que deveria fazer com aquele presente. Por muitos anos sofri por não me permitir ser enquadrada. Até que um dia me acostumei, e passei a viver melhor sozinha que em equipe. Rejeitei qualquer norma, vivia dentro de um eterno quarto de castigo, por tudo e o tempo todo - e meu pai chegava em casa e dizia "Mas de novo? O que ela aprontou dessa vez?" Enquanto minha mãe, histérica, narrava algum fato típico protagonizado por quem acreditava que viver ia muito além do que aquilo que lhe era ensinado. Sozinha entendi que viver precisava do difícil reconhecimento de carma e escolha, e partindo daí, a certeza (talvez a única indiscutível), de que, invariavelmente, jamais poderia colocar a culpa das intempéries sobre os ombros de alguém.
Decepção foi a lição mais mais difícil de todas, mas até isso não poderia ser aliviado apontando o dedo a outrem... Só nos decepcionamos porque colocamos expectativa, e o outro com isso?
Coragem foi minha ilustre companheira, sempre fui primeiro, com a cara e a coragem, para só depois ver como ficava, nada me travou, minha mãe dizia "quando ela tiver filhos vai conhecer limites". Segurei na mãos do filhos e continuei indo, e continuo.
Por longo tempo temi não suportar e ceder ao que seria mais cômodo, e me tornar apenas mais uma nessa manada humana que segue sem rumo, obediente a comandos externos, a maioria desprovido de qualquer significado...todos seguindo juntos para lugar nenhum...
Por vezes tenho medo de cansar de pensar e de cansar de acreditar. Sou genuinamente crédula da alma humana. Porque Deus criaria algo que não valesse à pena? Todos temos o bem dentro de nós, tenho certeza disso. Sinto-me feliz por crer nisso, em minha existência não cabe culpa e nem revolta. Há sorrisos para todos, basta ter olhos para ver.
Viver pede ousadia, quem busca excesso de paz, perde o melhor da vida.
Plagiando Clarice Lispector:
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."







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