O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Hoje não posso dar conselhos


Exatamente dois anos depois de postar "Mete o pé na bunda dele" recebo novamente um email de Vitória, personagem real do texto que, mais uma vez, vem em busca de alívio para sua vida a dois, e inicia seu email:
"Ainda continuo acessando seu blog e lendo seus artigos. Artigos bem escritos: alguns aliviam as minhas angústias outros me enchem de perguntas das quais não encontro respostas e dessa forma me vejo novamente num labirinto. 
E faz a pergunta "fatal":
Mas será que mereço isso?  Queria muito descobrir que elo me uni a esse homem? Por que não consigo me separar dele e viver a minha vidinha feliz ao lado de quem me valoriza? 
E me pede o que hoje, é impossível - conselho:
Quem sabe você possa me ajudar a tirar essa venda dos olhos e ser feliz.
Antecipadamente agradeço.
Grande abraço, Vitória"
Querida Vitória, 
quando recebi seu primeiro email naquele dezembro de 2010, eu tinha uma relação, digamos, definitiva aos meus olhos - casamento feliz e estruturado. No outubro do ano seguinte eu tinha um pedido totalmente inesperado de divórcio a minha frente. Meu mundo caiu. Levei alguns meses para iniciar a reconstrução. Já há algum tempo estou de pé. Recriar-se pede muita dignidade. Vi o que não esperava ver, descobri o que nem imaginava existir, entendi o que me parecia impossível. No fim entendi uma coisa pontual - viver pede coragem. Muita coragem. E graças a Deus, eu tenho de sobra. Não sei te dizer em que momento entendi que essa característica era minha e que nada teria capacidade de tirá-la de mim. E ficamos só nós duas - eu e a coragem. Rapidamente, assim que decidi que tinha chegado a hora de sair do luto, a vida sorriu para mim, e eu, claro, sorri também para ela. Não sou de perder oportunidades.
Outras pessoas surgiram em minha vida. Acenava para mim, a chance de uma nova história. Mas não é porque a vida bateu com força ontem, que vai te pegar no colo hoje, e assim como você, me vejo em uma situação altamente complexa. Enfim, quando você me procurou em 2010, eu era "quase" dona da verdade... Quando estamos organizados achamos que sabemos mais, e talvez seja quando menos sabemos. Hoje, sou sua companheira, na busca por respostas que possam nortear o rumo da minha vida. Seu email me serviu como espelho, e não posso fornecer a você, respostas que não tenho. Seria leviano. Em 2010 eu disse a vc "jogue fora o que te pesa", e não me ative à dificuldade de fazer isso.  Sei dar conselhos que não sigo... De um lado eu tenho uma pessoa que me coloca acima dos mortais, e a qual não dou a mínima esperança, mas segundo ele "quando se quer muito, dispensa-se a esperança". Do outro lado está a pessoa que eu gostaria de ter e não tenho, mas que é onde está meu coração. Estava lendo seu email, quando recebi outro, de uma desconhecida, que se apresentou como ex namorada desse homem que "dispensa a esperança" - quando cheguei na vida dele, a  esposa estava com câncer, foi paixão instantânea, e eu esperneei porque o queria só para mim, ao que ele me respondeu: "que homem eu seria se largasse minha companheira de 20 anos doente terminal?" - eu fiquei, e ela morreu 1 ano depois, e ele continuou com os dois filhos dela (que não eram filhos dele), amando, criando, educando, sustentando...Só não demos certo, porque eu não tinha a grandeza dele. A alma dele estava a anos luz na minha frente. Continuamos grandes amigos e mato por ele, por isso estou aqui. Sou mulher como você, e digo que se abrir mão de uma pessoa como ele, vai estar fazendo a verdadeira besteira da sua vida..."  A partir de uma afirmativa dessa, deveria ser fácil decidir, não é? Mas hoje, assim como você, sei que não é nada fácil... Estou custando a aceitar que seguir o caminho do coração talvez não seja mesmo, sinônimo de felicidade...Estamos, ambas na mesma embarcação, um frágil barquinho de papel em meio a um oceano de dúvidas e incertezas - e se eu for por aqui e errar? e se por lá e me arrepender? Assim, minha cara, não me sinto apta a dar conselhos, mas, seguindo minha lógica e um esforçado bom senso a que tenho me submetido, digo a você que vá até onde seu coração estiver feliz. Se ele começar a murchar, vire o leme. Diferente do que pregam por aí eu não acredito que ele seja burro... creio que coração seja resiliente, resignado, indulgente quando se ama. Ser feliz sem se arriscar é impossível. Só tenho uma certeza enquanto me afogo em dúvidas - relacionar-se sem amor é uma covardia consigo mesmo, com o outro, e com a vida que Deus lhe deu. Por isso, eu decidi não pensar mais no belo email da ex namorada, que recebi, pois não tenho o direito de construir uma vida a dois ao lado de um homem a quem darei tudo que tenho de melhor, mas não poderei amá-lo. Sei que ele aceitaria isso, mas minha consciência não me permite. Tem sempre alguém pronto para amar outro alguém nesse mundo. Tenho certeza disso. Portanto, Vitória, se você o ama verdadeiramente, tente mais uma vez. Se não o ama, liberte-se, e mesmo que ele não aceite, tenha em mente que você o estará libertando também. Viver sem amor, é estar escravizado. Mas hoje sei que é preciso muita coragem para que palavras virem ações.
Como canta Vinícius de Moraes "A vida só se dá para quem se deu". 
Vitórias para você, e para mim também. Bjos

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...