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domingo, 5 de maio de 2013

A loucura pode morar ao lado

Tudo que me cerca vira fonte de interesse e pesquisa para mim. Eu não perco a chance de estudar atitudes e comportamentos. O ser humano me intriga profundamente. Só nessa semana virei às madrugadas completando a leitura de três livros da autora Ana Beatriz Barbosa Silva - Mentes Perigosas, Mentes Inquietas, Mentes e Manias. Fonte de um aprendizado prático sobre loucura, neuroses, obsessões, enfim, várias situações que convivi de perto, outras que assisti de longe no decorrer da minha vida, outras que protagonizei, e ultimamente, uma da qual tenho sido vítima há quase um ano. E a realidade indiscutível é - a loucura pode morar ao lado. Esqueça aqueles temidos assassinos em série... Sangue, cadeia, júri popular. Esses não matam a vítima estrangulada. Matam a confiança, matam a paciência, matam o respeito, matam a paz.
Essa pessoa pode ser aquela que mente compulsivamente para você, ou que vigia todos os seus passos, sistematicamente, regulando seus horários, investigando seu celular, assumindo um personagem, se fazendo passar pela irmã mais velha, no intuito de arrancar informações da sua secretária. Não há limites para que atinjam o objetivo - seja ele descobrir se o marido tem uma amante ou impedir a promoção de um colega de trabalho. Em muitos casos, principalmente no amor, pode ser aquela pessoa obsessiva que vai lutar sem o mínimo escrúpulo por aquele que ama... Continuará não sujando as mãos com sangue, mas sujará tudo que está em volta com suas manipulações. Finge, troca de máscaras, inventa nomes, cria falsos laços de amizade, enfim, monta um circo dos horrores. Diferente do assassino que sempre deixa uma pista e é descoberto e será preso, esse tipo raramente é desmascarado... Conhece o ponto fraco dos que lhe interessam, só age na hora certa, com as palavras e atitudes absolutamente corretas, tornando-se em um passo de mágica, a "pobre coitada da situação" , imputando culpa e remorso nas suas "presas". Enfim, estão salvos. Todos nós, temos alguns desses traços, mas temos um filtro que nos indica a hora de jogar a toalha antes de prejudicar as pessoas. Esses não. Esses acham que podem ir sempre mais e que se dane os outros.
Quando eu era jovem havia em minha cidade um barzinho da moda onde meu pai me proibira, junto a minhas irmãs, de frequentarmos, e ele passava para lá e para cá de carro, nos vigiando, quando menos esperávamos. Morríamos de medo e ninguém arriscava desobedecê-lo. Eu era terrível, sempre tive dificuldade de "ser obediente" e um dia bolei um plano - ligaríamos do orelhão (naquela época nem se sonhava com celular) e se o telefone de casa atendesse, poderíamos ficar no bar pelos 15 minutos seguintes, que era o prazo para que ele saísse de casa, e chegasse até lá. Deu certo nas três primeiras vezes. Um dia, ligamos e estava ocupado, fomos tranquilas. Quando pisei no bar, meu pai estava lá dentro, de braços cruzados, e calmamente me disse: "tirei o telefone do gancho porque desconfiei de você, sempre a "cabeça" de tudo. Não tente de novo, você não tem jeito para isso, pois é preciso ter dentro de si, mais sombra do que luz, e esse não é o seu caso". Um mês sem sair de casa foi o meu castigo, minhas irmãs saíram ilesas, afinal, o plano tinha sido assumidamente meu. Nunca esqueci esse conselho. Apesar de que, durante a vida, tentei outras vezes manipular situações, mas em todas elas, me dei mal. Sempre na adolescência. Sempre para enfrentar meu pai. Como não podia vencer, aprendi a me proteger, então, reconheço de longe os manipuladores e raramente me engano. Não estou imune a eles, claro que não, mas sou uma presa mais difícil. Reconheço aqueles que se utilizam da manipulação como forma de "sobrevivência", mas ainda assim, têm uma boa alma, e reconheço aqueles  que pautam sua conduta dentro de uma moral ilibada, são tidas como boas pessoas até o momento em que algo foge do  seu controle, e a partir daí, "moral, que moral?" Detesto é quando vejo situações onde está "claro como a luz do sol" que um está manipulando com tamanha astúcia e competência, que o placar já marca 10 x 0, e o outro não percebe... Eu vivo algo assim, onde bastava um click meu para tirar a máscara e ajudar a virar o placar, mas lembro do que meu pai disse "é preciso mais sombra que luz", e me encolho. Até porque, é preciso ser responsável por certas escolhas, e entre elas está decidir em que pessoas confiar 
E àqueles que não leram nenhum dos três livros, recomendo Mentes Perigosas, para que menos pessoas sejam arrastadas pela correnteza de mentes aparentemente inocentes, corações aparentemente nutridos de boas intenções, posturas forçosamente éticas guiadas pela moral social e religiosa, mas que, se desfazem como bolha no ar perante uma situação que possa lhes atrapalhar. E o controle vira descontrole, e tornam-se mentes altamente perigosas que, como um trator, vão arrastando para longe, tudo que possa ser visto como um empecilho para seus planos obsessivo de controle e posse.

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