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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Bissexualidade - lição de preconceito em rede nacional

Confesso que, constantemente, preciso vigiar meu "ataque" de preconceito em relação às novelas, até porque, é incoerente com o fato de que, vez por outra, estou ali, em frente à TV. Estreias e finais de qualquer uma delas, desperta minha curiosidade, talvez  por acreditar que todo começo encerra em si um final, e ficar curiosa para conferir, na ficção, essa poção de vida real.
Não dá para falar, simplesmente, que televisão é uma péssima opção e que toda a programação é um desserviço à humanidade porque não é tão simples assim. Aliás nada é tão simples assim. A simplificação é uma forma primária do pensamento, e tento fugir dessa "armadilha", que reduz qualquer fenômeno a uma relação de causa e efeito, bom e mal, preto e branco, homo e hetero,  pobre e rico, culto e ignaro, pois é justamente daí que nasce o preconceito. Ao simplificar acolhemos a deficiência no nosso pensar,  ficamos privados de conhecer a verdade do outro, e, reagimos àquilo que pensamos entender, mas na grande maioria das vezes, não entendemos.
No capítulo de ontem, Matheus Solano deu um show de interpretação, e os autores e roteiristas, um show de preconceito. Em uma mesma cena, transbordou intolerância e falso moralismo.
Um marido apavorado ao ter sua bissexualidade descoberta pela  esposa, e uma esposa perplexa, indignada, revoltada, possessa, como ficam a maioria delas quando traídas. Independente do meu conceito de traição, em tese, sei que é assim que funciona. Até aí tudo bem. Ou, pelo menos, tudo como costuma ser. Ocorre que, frente ao diálogo ali proposto, a esposa passou de  vítima de uma traição a vítima de uma hecatombe nuclear, ao que questiono: só porque a traição do marido se deu com um homem e não com uma mulher? Esse diferencial torna a traição mais grave? Potencializa a dor? Definitivamente, não entendo... Traição dói quando se sente que o amor foi traído, e pelo que eu saiba amor não tem sexo. Ou tem?
Antes daquele marido que, em absoluto martírio e desespero, se assumia bissexual perante a esposa, estava um ser humano completamente perdido, pedindo socorro. E essa esposa, antes de ser a vítima de uma traição (a meu ver, uma traição como outra qualquer) não deveria acolher a dor do outro conjuntamente com a sua?  Ou alguém tem a rigidez de pensar que aquele que trai não sofre? Ainda mais quando ele próprio se pune e se envergonha diante do situação. Comum que ela se debatesse, gritasse, chorasse, afinal, ela foi traída, isso não está em discussão. Mas a conotação conferida a cena é a de que ela fora duplamente traída, assim mesmo - como um homicídio duplamente qualificado - uma traição e, como agravante, outro homem.
Foi desperdiçado a chance de dar uma bela lição de generosidade, compreensão e amor ao próximo em horário nobre, e ao invés disso, vimos uma aula de preconceito. Deplorável... 

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