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domingo, 19 de maio de 2013

O "bom do amor" não foi feito pra durar

Continuo me surpreendendo com o fato de que a verdade de ontem pode ser a mentira de hoje e vice e versa. Vejo isso por mim mesma. Eu me arrepiava quando ouvia alguém dizer que amores não foram feitos para durar. Na verdade, nunca fui de ter certezas, e ainda assim, as poucas que tive perderam-se. Ou perderam-se nos fatos, ou perderam-se de mim. Ou me perdi nelas ou me perdi delas. Sei lá. O amor está entre elas. Eu ousava ter algumas certezas acerca dele.
Antigamente, muito antigamente, quando eu ainda lia Pollyana Moça, eu jurava que todo e qualquer "eu te amo" era dito através do coração. Com o tempo percebi que não. Que "eu te amo" poderia também ser dito para atender a algum tipo de conveniência. Odiei isso e desejei pena de morte para aqueles que desrespeitassem tanto assim o amor. Até entender que "eu te amo" também encerra em si, certa relatividade. Li muito, discuti outro tanto, pesquisei ainda mais, para entender que só os anos me trariam algumas micros e incertas respostas, e, ainda por cima, mergulhadas em subjetividades. Claro. Não desejo mais a pena de morte simplesmente porque o "eu te amo" de alguém tem um significado diferente do meu. Pois é... os contos de fadas não mencionaram que até mesmo os príncipes encantados tinham um "eu te amo" próprio. Todos temos. Ninguém pronuncia um "eu te amo", sem acreditar, pelo menos naquele instante, que ama. Isso pode ser visto por alguns como algo leviano - declarar-se de porte de um sentimento que já trás embutido em si promessas imensas, enquanto ainda não se tem certeza. Mas, partindo do pressuposto de que certezas não existem, e promessas são apenas promessas, tudo fica mais fácil de ser, senão compreendido, pelo menos aceito.
Chego aos poucos a uma conclusão estranha. O amor dura sim. Mas o bom do amor (como dizia Cazuza), aquele bom mesmo! que transborda no momento daquele "eu te amo", esse não foi feito para durar. Ninguém suporta a intensidade delirante de um sentimento, esse tipo de emoção tem o tempo contado. Caso contrário não sobrevivemos. Sinto muito cinderelas! 
Não se pode prender o que é fluído. Amor é vento. Ao ouvir um "eu te amo" pronto! Os sonhos já se formam lá no "sim, eu te aceito como meu legítimo esposo". O bom do amor não dura até lá. Não foi feito para ser enquadrado. Vive de cenas. De episódios não escritos. De momentos. De suspiros. Da expectativa da próxima vez.  E, então, o "eu te amo" era só isso. Ou tudo isso. Depende de quem vê. Depende de como vê. Depende do que se quer ver. No fundo eu nunca quis a calmaria do amor que dura, talvez por nunca ter acreditado nessa possibilidade. Talvez por acreditar que amor é liberdade incondicional. Hoje, estou mais de Ferreira Gullart, mas pode ser que um dia eu mude, outra vez, quem sabe...
"O verdadeiro amor é suicida. O amor, para atingir a ignição máxima, a entrega total, deve estar condenado: a consciência da precariedade da relação possibilita mergulhar nela de corpo e alma, vivê-la enquanto morre e morrê-la enquanto vive, como numa desvairada montanha-russa, até que, de repente, acaba."

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