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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Traição e doença

Nessa última semana, o tempo todo tinha um site ou programa de TV falando de uma tal de Aryane (participante do reality show, a Fazenda), que traiu o namorado (com quem vivia sob o mesmo teto há dois anos) que desolado (?) expôs sua história aos quatro cantos da "mídia da fofoca". Resumindo, a esposa iniciou, já na primeira semana, um  romance com outro participante, embalado por juras de amor eterno. Logo na semana seguinte, ao ser eliminada, afirmou em rede nacional que encontrara dentro do reality, o grande amor da sua vida, e que estaria à sua espera para que dessem continuidade ao romance, na vida real. O marido, que passou mais de 10 dias assistindo pela TV, as tórridas cenas e as incansáveis promessas de amor entre os dois, aguardava por uma explicação que possibilitasse um final menos indigno à relação, do que aquele ao qual ela lhe submetera. De um modo apelativo, ele trouxe em cena uma carta que ela lhe escreveu antes de entrar para o reality, onde reafirmava os votos de amor a ele e o empenho à vida que construiram.  Ocorre que a moça não o procurou, não buscou suas roupas, objetos de uso pessoal, nem  documentos no apartamento de ambos. Enfim, ela segue, em rede nacional, feliz com seu novo amor, como se nada existisse além dela mesma, como se sua vida tivesse tido início ali, naquele programa de TV, como se ela não tivesse um passado e muito menos um compromisso moral e afetivo com outro.
Deparei-me, então, com a entrevista de um psiquiatra sobre o assunto, que baseado nos fatos, disse que a garota está adotando um comportamento ao qual não cabe qualquer tipo de explicação. Que a atitude esperada de uma pessoa dita "normal", ainda que dentro de um quadro sórdido de traição, seria no mínimo tocar no assunto "minha vida lá fora" com seu recém descoberto amor, ainda dentro do reality, e, ao ser eliminada da fazenda, o óbvio seria procurar imediatamente o (ainda) marido. E mais, ao ser atacada por tantas frentes, o esperado é que reagisse, senão para se retratar, ao menos que fosse para adotar algum tipo de postura, mas nunca essa absoluta indiferença.
Segundo a explicação (supeficial) do médico, a moça parece adotar uma conduta com traços de sociopatia. Pelo que li a sociopatia caracteriza-se principalmente por algo de errado na consciência do indivíduo, ou ele não a tem ou está cheio de buracos como um queijo suíço, ou ,de alguma forma, ele é capaz de neutralizar ou negar completamente qualquer senso de consciência ou de prospectiva sobre o futuro. Os sociopatas têm apenas o cuidado de atender as suas próprias necessidades e desejos: o egoísmo e o egocentrismo ao extremo. Qualquer outra coisa e qualquer outra pessoa são reduzidas, em sua mente, a objetos para usar e atender suas próprias necessidades e desejos. 
Uma pessoa que age como a tal mocinha do reality, completamente indiferente a dor do marido, e aos ataques que lhe são feitos, parece mesmo atender ao quesito "ter algo de errado na consciência do indivíduo".
Continuando com a leitura, o termo "sociopata" é, frequentemente, usado por psicólogos e sociólogos  referindo-se a pessoas cujo caráter anti-social é principalmente devido a deficiências nos pais (geralmente a ausência do pai) ao invés de uma característica inerente do temperamento. Alguns fazem uma clara distinção entre o sociopata (que se tornou um psicopata por causa das circunstâncias sociais) e um verdadeiro psicopata (que nasceu desse jeito). 
Segundo disseram,  o meio em que a moça em questão se criou, não foi dos mais, digamos, fáceis. 
A mídia quer ibope (quase sempre sem nenhum tipo de ética) e um marido, bonito, aparentemente bom caráter e bem sucedido, chorando em rede nacional, é lucro certo. E, também, condenar a moça é outro caminho certo para um alto ibope. Mas é correto levantar, dentro de um tema tão comum (ainda que nada banal) quanto a traição, outro tema tão complexo e sério quanto a sociopatia?  
A dor de quem é traído arrebanha defensores ferrenhos, e eu entendo, mas ainda assim, é preciso cuidado para não rotular a outra parte, pois por mais asquerosa que seja sua postura (e é), todos merecem, senão uma chance, pelo menos seriedade ao se levantar uma questão tão dolorasa e complexa quanto essa.

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