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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Muitas "Pilares" por aí...

Novamente assisto a televisão prestando um desserviço à sociedade e principalmente ao universo feminino. O triângulo (nada) amoroso marido, esposa e amante mostrado diariamente, não me choca em nada, afinal  é a representação dos milhares que existem - a mulher dedicada (independente se é pobre ou rica) o marido grato e culpado, e a amante (geralmente várias) o brinquedinho que distrai o garanhão. Nada de novo... Desde a invenção da roda, há para todo homem safado, uma mulher subserviente e uma amante compreensiva. O pior é a postura da personagem (na novela) da esposa... Que é aquilo??? É chocante! Dia a dia, por anos a fio, recebendo parcas migalhas do homem que deveria ser seu companheiro, cúmplice, amigo. Suportando sua indiferença, seu mau humor, suas desculpas esfarrapadas. Perdoando uma, duas, três traições declaradas e confessas ao longo do casamento. Uma mulher bonita, culta, inteligente (ainda que não fosse) que reclamou em quase todos os capítulos que aquele que deveria ser "seu homem" não "a procurava" por dias, semanas, meses. É preciso brincar de faz de conta para acreditar que um homem que já provou por a+b que é um tarado, não procura a esposa porque tá cansado... Me poupe! Nem em novela isso cola! Será que não há limite para auto ilusão?
Aí, ela dá um flagrante do marido no flat da secretária (que está de camisolinha preta), bate bastante nela ( o que para mim é uma ignorância, porque quem merecia a surra era ele) e vai embora desolada. Em uma cena contundente, ela transmite com maestria, pela TV, a dor da traição, da mentira, da falsidade, que sempre invade, na vida real, aquelas pessoas de boa fé que têm o triste destino de se relacionar com essas aberrações. De onde veio aquela dor? Creio que da frustração. Eu, pelo menos detesto me enganar a respeito da leitura que faço das pessoas que estiveram perto de mim. É desastroso quando você cai na real e entende que a essência daquela pessoa, que em detrimento de suas posturas e atitudes, você reconheceu e defendeu como sendo nobre, não passava de perfume barato e ruim. Acontece "nas melhores famílias".
Pilar (a personagem) está dando um show de interpretação e também de demonstração do que seria uma verdadeira falta de estima. Como pode se humilhar por alguém que não faz por merecer seu amor? Eu já disse aqui que cresci em um meio assim, presenciei esse banho de humilhação dentro da minha casa. E, para falar a verdade, continuo presenciando, agora, fora da minha casa... Ontem eu li de uma pessoa : "só sou tolerante pois o amor tudo suporta". E pergunto: tudo mesmo? Inaceitável... E mais, "o que é moral ou imoral quando se trata de amor ?". Bom, por ser amor já deveria conter uma bela moral, fora isso é só sacanagem. Mas isso também é a minha opinião.
Nem todo homem que tem uma amante é picareta, assim como nem toda esposa é boba e subserviente, e nem toda amante de homem casado é vagabunda. As pessoas não valem pelo que representam em determinado momento da vida, elas valem pelo que são de fato. E muitos homens, esposas e amantes independente de suas "funções" ou da posição que ocupam, são em essência, umas belas porcarias. 
Engraçado é que aquele que falha parece sempre ter a competência para encontrar fiéis advogado de defesa... Eu sei, porque já me prestei a esse papel...Errei ao defender o indefensável... Todos os avisos em luzes de neon e escolhi acreditar no "eu mudei, não dê ouvidos, são todas loucas, só você me interessa". Todas escutam a mesma coisa, todas acreditam, todas caem, todas levantam, algumas seguem em frente, outras, como a Pilar, ficam "chocando" esse amor doentio.
A personagem tem suporte material e intelectual, mas falta-lhe equilíbrio emocional. Fico pensando... o que leva uma pessoa a se maltratar tanto? A acreditar em mentiras, a fingir que dessa vez será diferente, a se iludir com aquele "ele mudou", a ousar defender posturas que são indefensáveis por si próprias... Não somos juízes um dos outros, todos temos telhados de vidro, mas há falhas e falhas... Algumas jamais deveriam ser acobertadas, ainda mais quando é sabido que delas nascerão muitas dores alheias.
Mas é aquele lance "enquanto tiver bom para mim, dane-se o mal que causa nos outros" e enquanto isso a picaretagem nada de braçada...Até que um dia a roda gira (porque sempre gira) e prova-se do próprio veneno. Eu nunca me conformo com a omissão...
E talvez seja isso que tenha me remetido, agora, a um fragmento do texto  No caminho com Maiakóvski escrito dentro de um contexto nobre, totalmente diferente desse aqui tão... tão reles:
"Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
"
 

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